Em encontro com trabalhadores, Sindicato vota nova proposta que será apresentada para possível comprador da Avibras; veja as reivindicações
26/11/2024
Objetivo da plenária, que foi realizada nesta terça-feira, era discutir os pontos em aberto em relação aos trabalhadores na negociação entre o sindicato e o investidor. Uma reunião entre o sindicato e o possível investidor será realizada na próxima quinta-feira (28), às 15h, quando será apresentada a nova proposta. Avibras em Jacareí
Claudio Vieira/Sindicato dos Metalúrgicos
Os funcionários da Avibras, indústria bélica sediada em Jacareí (SP), se reuniram com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, na noite desta terça-feira (26), para discutir a negociação de venda da empresa para um investidor brasileiro, que ainda não teve o nome revelado.
Em recuperação judicial por conta de uma crise financeira, a Avibras anunciou no fim de outubro que está sendo negociada com um investidor do país - entenda abaixo.
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A plenária teve início às 18h, na sede da associação, que fica em São José dos Campos. O objetivo do novo encontro era montar mais uma proposta a ser apresentada ao possível comprador da empresa.
A nova proposta elaborada pelo sindicato foi apresentada aos trabalhadores que acompanharam o encontro. Em uma votação, o plano foi aprovado pela maioria dos que estavam presentes.
Com isso, as reivindicações dos trabalhadores serão discutidas com o possível comprador da Avibras na próxima quinta-feira (28), às 15h, em uma nova reunião.
Veja quais são as reivindicações listadas na nova proposta do sindicato e que serão apresentadas na reunião nesta semana:
Ao voltar ao trabalho, os trabalhadores querem ter convênio médico;
Os trabalhadores e o sindicato querem saber quem é o possível comprador (o nome ainda não foi revelado pela empresa).
Para o pagamento dos salários atrasados e do 13º salário, a categoria solicita o seguinte parcelamento:
5 parcelas pra quem ganha até R$ 15 mil;
8 parcelas pra quem ganha de R$ 15 mil a R$ 20 mil;
10 parcelas pra quem ganha acima de R$ 20 mil;
Parcelamento dos salários deve ser pago a partir de dezembro.
Além disso, os trabalhadores exigem o pagamento de 13º para todos os funcionários.
Já sobre o pagamento das multas trabalhistas, tópico em que não houve consenso entre o Sindicato e o investidor na semana passada, a categoria agora apresenta o seguinte plano de pagamento:
15 parcelas para quem ganha até R$ 10 mil;
20 parcelas para quem ganha de R$ 10 mil a R$ 12 mil;
24 parcelas para quem ganha de R$ 12 mil a R$ 18 mil;
30 parcelas para quem ganha de R$ 18 mil a R$ 23 mil;
36 parcelas para quem ganha acima de R$ 23 mil.
Pagamento das multas a partir de junho de 2025.
O encontro entre o sindicato e trabalhadores terminou por volta das 20h20. O plano discutido só deve ser apresentado oficialmente para a Avibras e para o possível investidor na quinta-feira, durante a quarta rodada de negociação com a empresa.
Sindicato e funcionários da Avibras se reúnem para discutir propostas de investidor
André Luis Rosa/TV Vanguarda
Desde o início do interesse do investidor, o sindicato tem discutido os interesses dos funcionários, que estão em greve e sem receber salários há quase 20 meses por conta da crise financeira da empresa.
Neste momento, o principal ponto de divergência está no pagamento das dívidas trabalhistas. Enquanto o investidor quer que os funcionários renunciem das multas relativas aos atrasos salariais, o Sindicatos dos Metalúrgicos de São José dos Campos exige o pagamento.
A última reunião entre sindicato e investidor para discutir a situação dos trabalhadores aconteceu na sexta-feira (22). Após o encontro, o sindicato emitiu uma nota afirmando que "na terceira rodada de negociação, o representante do investidor que está interessado em comprar a Avibras manteve a proposta para que os trabalhadores abram mão de aproximadamente R$ 300 milhões em multas referentes aos atrasos salariais".
Funcionários da Avibras e investidor não chegam a acordo
Venda da Avibras
A indústria bélica Avibras afirmou no fim de outubro que a venda da empresa está sendo negociada com um investidor brasileiro. O nome do investidor e o valor do negócio não foram revelados.
Segundo a Avibras, no dia 25 de outubro, o investidor brasileiro assinou um acordo com a empresa, para adquirir o controle da companhia, o que a indústria bélica, que vive uma crise, classificou como um avanço significativo no “processo de recuperação financeira”.
Apesar da assinatura, a Avibras informou que a conclusão do negócio ainda depende de outros fatores, como o cumprimento de condicionantes estabelecidas em contrato.
A Avibras é uma empresa bélica localizada no interior de SP.
Reprodução/ TV Vanguarda
“O fechamento efetivo da aquisição somente poderá ocorrer se cumpridas todas as condições estabelecidas no acordo”, diz trecho da nota da Avibras. A empresa não detalhou o acordo firmado.
Ainda segundo a Avibras, nesta fase, estão sendo seguidas as etapas necessárias “para concretizar e validar a aquisição, com o intuito de restabelecer as operações da companhia”.
Por fim, a Avibras destacou que “a assinatura do acordo representa um marco importante no processo de reestruturação da empresa” e que o investidor brasileiro e a indústria bélica “estão trabalhando de forma colaborativa para concluir a transação".
Crise da Avibras
Confira a linha do tempo da crise e da situação da Avibras:
março de 2022: a Avibras pediu recuperação judicial alegando uma dívida de R$ 600 milhões
setembro de 2022: os trabalhadores entraram em greve por causa dos atrasos nos salários
julho de 2023: o plano de recuperação judicial foi aprovado
abril de 2024: a Avibras anunciou que negociava a venda para a empresa australiana Defendtex
junho de 2024: a Defendtex desistiu da compra
junho de 2024: o Ministério da Defesa informou que a Avibras havia recebido nova proposta, desta vez de um possível investidor chinês
outubro de 2024: a Avibras afirmou que negocia com um investidor brasileiro
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, a dívida adquirida pela Avibras durante o período de recuperação judicial - de 2022 para cá - é de cerca de R$ 327 milhões.
Quando o processo de recuperação começou, a empresa de Jacareí tinha cerca de 1,4 mil funcionários. Atualmente, são 924 funcionários, que estão em greve desde setembro de 2022.
A Avibras
A Avibras Aeroespacial é a maior indústria bélica do país e foi fundada em 1961 por engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos. Ela é uma das primeiras empresas nacionais a atender o setor aeroespacial.
A empresa desenvolve tecnologia para as áreas de Defesa e Civil. A organização foi uma das primeiras no Brasil a construir aeronaves, desenvolver e fabricar veículos espaciais para fins civis e militares.
Presente no mercado nacional e internacional, a empresa tem sede em Jacareí, no interior de São Paulo, e desenvolve motores de foguetes para as forças armadas, entre outras coisas.
Fábrica da Avibras em Jacareí
Reprodução/TV Vanguarda
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